Com o fim das eleições municipais em diversas cidades do Brasil, o foco agora se volta para as promessas e compromissos dos candidatos eleitos e reeleitos. Mais do que nunca, é fundamental que essas lideranças reconheçam a necessidade de incluir a questão do autismo nas pautas prioritárias de suas gestões. A criação de políticas públicas e leis voltadas para esse público e suas famílias é uma responsabilidade que não pode ser negligenciada.
O autismo é uma condição que afeta milhões de brasileiros e, apesar dos avanços, as famílias ainda enfrentam grandes desafios em termos de diagnóstico, tratamento e, principalmente, inclusão social e educacional. Instituições como a Clínica Equipe Evoluir, que há anos se dedica ao tratamento e ao apoio de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), também têm se posicionado na linha de frente dessa luta, promovendo a conscientização e defendendo mudanças nas estruturas sociais para garantir mais direitos e dignidade a essas pessoas.
“Os governos municipais têm um papel essencial na criação e execução de políticas públicas de inclusão, uma vez que muitos dos serviços de saúde e educação são de competência municipal. Os prefeitos e vereadores eleitos de Mato Grosso precisam entender que a inclusão das pessoas com autismo vai além do atendimento médico. Ela engloba o suporte integral às famílias, a capacitação de profissionais da saúde e da educação, o desenvolvimento de programas de apoio psicossocial e a adaptação dos espaços públicos e escolares”, afirmou a psicóloga e CEO da Equipe Evoluir, Joana Araújo.
Apesar de algumas leis já existentes, que instituem a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, a implementação dessas normativas ainda é desigual no Brasil. É necessário que as novas lideranças eleitas se comprometam a fiscalizar e garantir a aplicação dessas leis, além de incentivar a criação de novas medidas que atendam às demandas específicas de suas comunidades.
A Luta da Clínica Equipe Evoluir
A Equipe Evoluir, além de oferecer tratamentos especializados, também defende que a luta pelo autismo deve ser uma responsabilidade compartilhada por toda a sociedade, com a participação ativa dos gestores públicos. Para a clínica é preciso ter profissionais preparados para atender o público e as famílias.
De acordo com a CEO, falar sobre autismo vai muito além do que apenas discutir o tema. É preciso abordar a situação dos profissionais que trabalham com o TEA, que estão sobrecarregados e lidam com a frustração pela ausência de políticas públicas ou pela efetividade das leis que servem para proteger os direitos da pessoa com autismo. É necessário olhar para os pais, famílias e cuidadores, que, em sua grande maioria, estão vivendo no limite do estresse e da baixa qualidade de vida, e isso afeta diretamente a qualidade, por exemplo, no ambiente de trabalho, na convivência com a sociedade e no dia a dia dos pacientes.
“Além disso, ainda temos os impactos no setor privado: pais e cuidadores que constantemente precisam se ausentar de suas atividades de trabalho, que dependem de transportes públicos e que têm dificuldades até mesmo de realizar compras em supermercados ou frequentar restaurantes e shoppings, dentre outras situações. Parte da nossa sociedade atual é atravessada pelo autismo, seja por conta de um familiar ou por conhecer alguém com o diagnóstico de TEA”, afirma Joana, reforçando que, “tudo isso é preocupante, pois a questão hoje não é só sobre o diagnóstico de autismo, mas também sobre o fato de que, se não tivermos estratégias de promoção e prevenção em saúde mental e para o tratamento eficaz de pessoas com TEA, teremos uma sociedade abarrotada de adultos autistas sem mercado de trabalho ou moradia. É importante analisarmos também o fato de que os pais e cuidadores de nossas crianças autistas, nos dias atuais, serão pais e cuidadores que, normalmente, passarão pelo ciclo da vida e, no futuro, estarão idosos e também precisarão de cuidados”.
Outras preocupações da CEO também são sobre qual é o planejamento que os governos estão fazendo em relação a isso? Como eles ficarão? “Precisamos de estratégias de promoção e prevenção para essas demandas iminentes”, finalizou ela.
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