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Michelle defende Bolsonaro, enfileira menções a Deus e lamenta nenhum dia de paz

Ex-primeira-dama evita falar diretamente sobre a denúncia da PGR contra o ex-presidente da República

23/02/2025 às 13h44
Por: Redação Fonte: MARIANNA HOLANDA Da Folhapress - Brasília
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Divulgação
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A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro chamou nesta sexta-feira (21) o Jair Bolsonaro (PL) de "ex e futuro presidente" e se queixou ainda de perseguições ao seu marido.

Em discurso repleto de menções a Deus, Michelle não mencionou diretamente a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) na qual acusa seu marido de líder da trama golpista em 2022, mas falou ainda que nunca mais tiveram um dia de paz.

Também aproveitou sua fala para criticar o governo Lula (PT), sobretudo pelo preço dos alimentos.

"Obrigada também ao nosso ex e futuro presidente, Jair Messias Bolsonaro, e todo apoio que ele tem nos dado para que nosso trabalho siga firma e adiante. Homens e mulheres seguindo firmes fortes e edificando a nossa nação, que Deus abençoe a cada um de vocês", disse, ao final de sua fala.

Além da denúncia, Bolsonaro já está inelegível até 2030 por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) após ataques às urnas eletrônicas e abuso de poder nas eleições de 2022.

No começo de sua fala, Michelle leu um cartaz de uma pessoa na plateia, que pede atenção à comunidade autista e a volta de Bolsonaro. Michelle disse ainda: "Vai voltar, se Deus quiser". Foi aplaudida pelo auditório.

A declaração foi feita durante o 1º Seminário de Comunicação do PL, em Brasília. O encontro reúne parlamentares, prefeitos, filiados e influenciadores.

Em outro momento, falou que o ex-presidente não tem projeto de poder, mas "paixão pelo Brasil". Bolsonaro foi deputado por quase 30 anos e se elegeu à Presidência da República em 2018, sendo derrotado à reeleição em 2022.

Além disso, os seus quatro filhos também entraram para a política e alçaram altos postos com a projeção do nome do clã. A própria Michelle, que nunca ocupou cargo público, deve sair para o Senado em 2022 pelo PL.

"[Bolsonaro] sabe do potencial que nosso Brasil tem. E por isso que ele está aqui, passando por tantas dificuldades e tantas perseguições. Nunca mais tivemos um dia em paz. Mas louvado seja Deus, porque nessa luta, nesses dias tão difíceis, o senhor tem nos forjado e nós estaremos de pé", afirmou.

Na véspera, Bolsonaro discursou no evento e mencionou a denúncia contra si. Os crimes incluídos na denúncia somam penas que podem se aproximar de 50 anos de prisão. O ex-presidente desmereceu: "Caguei para a prisão".

Michelle integra o chamado núcleo mais radical da trama, apontado pelos investigadores como pessoas no entorno de Bolsonaro que defendiam golpe de forme drástica ao final do governo. O filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também integra esse núcleo.

Fez série de ataques a jornalistas e à imprensa em geral

No final de janeiro, ela ironizou a divulgação da primeira parte da delação de Mauro Cid e a acusação de que ela compunha a ala mais radical de grupo suspeito de tramar um golpe de Estado.

"Todos sabem o motivo para requentarem isso agora. Esse governo e o sistema vivem de cortina de fumaça para esconder a sua traição contra o povo", disse, em nota.

"Estranho mesmo (e todos fingem que não veem) são esses ‘acessos’ a inquéritos sigilosos, sendo que os advogados dos acusados são proibidos de acessar os dados para promoverem a defesa de seus clientes. Uma afronta à Constituição e aos direitos humanos", diz a nota de Michelle.

A ex-primeira-dama faz referência ainda a trecho de discurso feito em novembro de 2023 em que, no sentido de ironizar a delação de Mauro Cid e fazer um paralelo com a investigação de tentativa de golpe de Estado, ela encena movimentos de boxe.

Após a denúncia da PGR, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), tornou pública toda a delação de Mauro Cid.

 

‘QUASE PIROU’ - O tenente-coronel Mauro Cid afirmou, em depoimento à Polícia Federal no seu acordo de delação premiada, que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro entrou em pânico quando sua mudança saiu do Palácio da Alvorada no fim do mandato de Jair Bolsonaro (PL), em 2022.

Segundo ele, Michelle dizia às pessoas envolvidas na trama golpista para manter Bolsonaro no poder que eles "tinham que fazer alguma coisa".

"Desespero de mulher, né. Quando ela viu a mudança dela saindo, ela quase pirou. [Entrou em] Pânico", afirmou Cid, em depoimento concedido em agosto de 2023.

"Ela falava [para nós]: 'tinha que fazer alguma coisa, tinha que fazer alguma coisa'", disse.

A declaração aparece em um dos vídeos liberados por Moraes nesta quinta-feira (20) com os depoimentos da colaboração de Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro.

Ele está no centro das investigações que resultaram na denúncia contra o ex-presidente no caso da trama golpista.

Cid afirmou no primeiro depoimento de sua colaboração premiada que a ala "mais radical" do grupo que defendia um golpe de Estado no Brasil no final de 2022 incluía a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

A transcrição do depoimento diz que "tais pessoas conversavam constantemente com o ex-presidente, instigando-o para dar um golpe de Estado, afirmavam que o ex-presidente tinha o apoio do povo e dos CACs [colecionadores, atiradores desportivos e caçadores] para dar o golpe".

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